quarta-feira, fevereiro 27

a décima oitava tormenta.



me chacoalha por inteiro desde o primeiro beijo:
quando não o corpo,
a alma.

me atinge no âmago do ser
me respalda na base das inseguranças
me abraça na paz e na tormenta
me cura
me balança
se torna a única certeza em meio a fases e fases e fases.

me complementa
aumenta
acalenta
de forma tão natural quanto lhe é analisar em outros pontos de vista.

se tornou o ser mais bonito do mundo
em todas as vezes que me fez admirar
ter orgulho, estar leve, sentir conforto,
te amar.
amar tanto que parecia impossível experienciar qualquer coisa
sem ter a vontade de dividir com você.

me divide em pedacinhos
torna o complicado fácil;
me compreende por inteira
torna a bagunça clara;

se enraíza em solo que jamais imaginei fértil
e cresce em mim
ocupa em mim
semeia em mim.

e vem assim
me sorrindo boba
derreto.

segunda-feira, fevereiro 25

a décima sétima tormenta.

pieces that i could write.

pensamentos.
devaneios.
divagações.
meias conversas.
algo que passou na tela.
uma frase que preencheu meu silêncio.
conclusões sobre histórias nas quais não estou envolvida.
comentários na parada de ônibus.
a forma como te olharam.
o som de algo que me martela por dentro.
o gosto daquela bebida depois de tempos distante.
verbos que, repentinamente, me paralisaram.
implosão sentida até na mais grossa camada de pele.
o sabor quase palatável do desassossego.
a ternura em ter de volta.
aquela incapacidade de diálogo.
toque.
sorrisos.
o "tá tudo bem" enquanto o corpo grita que não.
leveza ao lidar com algo que pesa.
saudade. saudade. saudade.
⠀⠀de tanta coisa que me geraria dois volumes completos.
a ida. a vinda. o sentimento de estar indo.
completa incongruência acerca do que fazer.
o estado de espírito inquieto em quartas feiras.
a tranquilidade da alma lavada em domingo.
hipóteses inusitadas de cenários inexistentes.
© terna tormenta
Maira Gall