quarta-feira, março 6

a décima nona tormenta.


eu gosto de escrever.

isso não significa que tenha a capacidade de te tocar com verbos bem encaixados em metáforas feitas pela primeira ou vigésima vez;
tampouco que eu saiba exatamente sobre o sujeito que escrevo, ainda que o sujeito da vez seja eu;
também não me impede de compor uma frase específica que martele na sua cabeça por horas até que você a digira;

significa, simplesmente, que sinto o dever de escrever
na mesma intensidade que sinto.

pois tristeza me parece um dia nublado, chuvoso, com relâmpagos, gritos e barulhos oriundos de sabe-se lá onde;
me afeta na profundeza do ser enquanto meu rosto está congelado em uma plenitude de tempos atrás.

felicidade me faz explodir e conversar sozinha pela rua;
saudade eu sinto até do vestido rosa de quando era menina, imagine quando situações mudam;
devaneios me sobram igual fio de cabelo pelo chão de casa, dos mais filosóficos aos mais absurdos;
incômodos, desconfortos, tranquilidades, aconchegos, paz, desencaixes...
não há datilografia que me acompanhe.

gosto de escrever e não significa que eu tenha dom pra conversar com sua alma
ou te fazer sentido
ou apenas te soar bonita

só gosto.
e por isso faço.

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Maira Gall