quinta-feira, dezembro 21

a quinta tormenta.


Não tenho costume com intimidade.

O toque na alma me impressiona mas assusta;
me dá ânsia e repulsa.

As longas datas me parecem vazias;
só mais um tipo de categoria
onde tentam nos encaixar
pra concretizar alguma alegoria.

O desassossego por intimidade
por conhecimento, o profundo, o obscuro,
me cerca de ansiedade.

A garganta fecha,
a vontade de machucar vem à tona.
"Como ousa ficar aqui, chegar assim e se alojar em mim?"

Minha alma e meu corpo veem como afronta o fato de serem conhecidos;
amados,
tocados,
queridos,
ansiados,
desejados.

Não toca. Não vem.

Mas toca. Fica sim.

Porque o toque na alma
o mesmo que me impressiona e me assusta, o qual anseio e me repulsa,
é necessário.

E a maldade,
que dói em você e me desgasta pelo mau jeito do meu toque,
é a forma mais estúpida que tenho de algum tipo de cuidado externar.

Não tem é justo pedir perdão por despreparo e mau jeito, mas desculpa.
Eu tento só não tenho, como diriam,
um jeito meu de me mostrar.

O cuidado contigo era por não me achar merecedora de te ter por perto,
por medo de nosso futuro incerto,
que me faz optar - "optar" - por te perder
e ficar sozinha em mundo aberto.

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